terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Tese e Antítese do "Sonho"

Li este texto no blog de uma amiga minha e achei interessante.

Afinal, o que é o tal do sonho?

Escrito por: Ana Paula Doné

Outro dia, um amigo multifuncional me contou que estava escrevendo um livro sobre sonhos e perguntou se eu queria participar. Nunca tinha parado para pensar em sonhos, mas o convite despertou a curiosidade.Sonho, que eu conheço, são três. Tem aquele de padaria: uma mistura de farinha, ovo e manteiga que depois de frito em óleo quente a gente passa no açúcar com canela. Se quiser pode rechear também. Diga-se de passagem, este, o melhor sonho - já que ao menos existe.Depois tem o outro, do sono. É aquele filminho que passa na cabeça da gente quando dormimos. Esse também é bacana, pena que é mentira. Por sinal, esse é o que mais me intriga, pois os sonhos que gostamos nunca se repetem. Sabe aquele em que você ganha na mega sena e estava deitado em uma espreguiçadeira de fibras naturais na areia de uma das praias de Bora Bora. Lembrou? Que bom, porque esse aí é só memória mesmo. Aquele calorzinho, as ondas, a brisa do mar nunca mais vêm de novo. Pode tomar vinte “piñas coladas”, dez “sex in the beach“. Quem sonhou, sonhou; pronto e acabou.Já aquele outro, no qual uma gangue de ets te persegue no espaço até você cair em buraco negro… esse é toda semana. Não tem escapatória. Tem até gente que dorme de pára-quedas, para ver se o sonho muda.Há também os desejos completamente fora do seu raio de ação que você realmente acredita que um dia irão acontecer. Ganhar na loteria, ir para Bora Bora, comer e não engordar etc. Está mais ou menos no nível das determinações de ano novo, só que numa escala maior.A conclusão é que não está sendo fácil (como diria a cantora Kátia). O primeiro, proibido pelo médico ou pela balança, um agrupamento de açúcar, gorduras saturadas e colesterol - mas com um sabor incrível - só em sonho mesmo. O segundo, por motivos óbvios: você está dormindo e, na maioria das vezes, nem lembra o que era aquilo mesmo. Já o terceiro… deixa para lá; melhor ficar com os outros que pelo menos dá para sentir um gostinho.Enquanto esse sonho não chega, é melhor se consolar com o de padaria (ou fazer em casa mesmo)...Uma amiga minha, postando este texto em seu blog, deixou o seguinte comentário, que motivou-me a escrever esta Antítese.
“Gostei do texto...e ficarei com o sonho de padaria.”

Antítese
Escrito por: Everton de Almeida Oliveira

Sonhos são bons. Todos, sem exceção. A não ser que sua taxa de colesterol esteja proibitiva, não fazem mal algum e esta é uma das partes boas dos “sonhos” citados pela autora acima. Não discordarei hora nenhuma que o sonho de padaria é ótimo. Se tiver um cafezinho por perto então... hummm... Êta mistura de farinha, ovo, manteiga e óleo que dá bom resultado. Depois ainda pode variar o sabor com um pouco de canela ou algum recheio bem bolado e muito saboroso.

Já quanto ao sonho “psiquiátrico”, não tenho uma opinião formada a respeito. Raramente lembro do que acontece quando durmo. Só lembro de uma escuridão total que sempre parece durar pouco e que deixa o corpo com uma vontade de um pouco mais. Agora se isso é devido a pular de pára-quedas inconscientemente ou ser meu próprio herói americano combatendo Aliens para salvar o mundo, não faço a mínima idéia.

Agora só nos sobrou o sonho chato pra falar. Aquele que reluta em realizar-se, não importa quanto briguemos ou trabalhemos em seu favor ou façamos investimentos (o preço para apostar na Mega-Sena ainda é R$ 1,50?). Esse danado é um desejo, algo intangível, um objetivo, pena que não tem o gosto e a funcionalidade do sonho de padaria... Dizem que ele não se realiza.
Pois bem, aqui vai a grande revelação! O sonho de padaria também não se realiza. O que? Só porque você já comeu uns dois hoje, vai querer argumentar comigo, calma... O que quero dizer é que nunca vi, com meus próprios olhos, a união voluntária da manteiga, farinha e ovo, depois numa atitude quase suicida, o bolinho saltar para dentro de uma panela com óleo quente. Realmente, parece inverossímil. Na verdade, é.

Porém, o sonho da padaria só é tão gostoso porque foi realizado por alguém. Antes disso era apenas um monte de elementos desconexos e sem sabor. Alguém, que não eu, realizou, fez, concretizou o sonho da padaria para que eu pudesse sentir o sabor. Hoje eu me delicio de uma conquista diária alheia, mas não sinto inveja alguma, apenas torço para que esta conquista seja constante para que eu possa continuar a sentir esse gosto bom por muito tempo.

Agora, quanto aos nossos sonhos-desejos, é necessário que alguém ponha a mão na massa para deixá-los prontos. A Mega-Sena já avisa em seu bilhete de apostas que sua chance é de uma em muitos milhões. Só digo para trabalharmos no que é possível: o sonho da padaria já está pronto e é a realização de alguém; lutar contra aliens, cair de pára-quedas, bem, não vou discutir com Freud por isso, já que está fora do controle tanto meu quanto dele, e, por fim há os outros que só nos frustram porque ainda não os realizamos, assim como o padeiro nos frustraria se ficasse com preguiça. Um dia, creio, sem perder a fé, seremos fabricantes de outros sonhos e ainda aproveitaremos o da padaria.

Um comentário:

Luiz Gustavo disse...

Quanto ao sonhos que tenho enquanto durmo, digo o seguinte: prefiro pesadelos. O futuro deles sempre é um acordar aliviado ao invés da decepção de saber que aquilo bom era só um sonho...